Sufocamento em Crianças – Nutry Marcela Silveira

 

Sufocamento

O que é sufocamento ou engasgo?

Sufocamento, engasgo ou asfixia, são termos utilizados para caracterizar a dificuldade de respirar devido a presença de corpos estranhos na garganta.
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, “corpo estranho” é qualquer objeto ou substância que inadvertidamente penetra o corpo ou suas cavidades. Pode ser ingerido ou colocado pela criança nas narinas e conduto auditivo, mas apresenta um risco maior quando é aspirado para o pulmão.
Qualquer material pode se tornar um corpo entranho no sistema respiratório, e a maior suspeita de que o acidente ocorreu é a situação de engasgo. Isto ocorre quando a criança está comendo, ou quando está com um objeto na boca, habitualmente peças pequenas de brinquedos.

Como ocorre o sufocamento?

Para crianças o sufocamento poderá ocorrer através da alimentação (especialmente em crianças menores de 3 anos, faixa etária em que o controle da mastigação/deglutição está em desenvolvimento, especialmente pela falta dos dentes molares – importante na trituração dos alimentos).

Outra forma da ocorrência de sufocamento em crianças é a colocação de um corpo estranho nas cavidades do corpo, o que poderá ocorrer, por exemplo, durante brincadeiras:

• Brinquedos ou peças pequenas
• Milho
• Feijão
• Amendoim
• Outros grãos e balas duras

Esse tipo de ocorrência é mais grave quando o corpo estranho caminha para as vias aéreas, o que poderá obstruir a passagem do ar e causar uma diminuição e até a falta de oxigenação, e resultar em morte infelizmente.

Como prevenir o sufocamento na Escola?

• Evite alimentar as crianças enquanto elas correm, brincam ou andam. O mais adequado é alimentá-las sentadas à mesa olhando para o alimento.
• Mantenha longe de crianças menores de quatro anos brinquedos com peças pequenas, balas pequenas, botões, baterias esféricas, canetas com tampa removível, balões, moedas, bolinhas de gude e grãos.
• Ofereça os alimentos cortados em pedaços pequenos e de acordo com a faixa etária.
• Para crianças menores de 4 anos, ofereça alimentos amassados e desfiados.
• Evite oferecer alimentos arredondados inteiros, como uva e tomate cereja, o ideal é cortá-los em pequenos pedaços.
• Ensine as crianças a mastigarem bem os alimentos.
• Supervisione sempre a alimentação das crianças pequenas.
• Não alimente crianças no bebê-conforto, prefira cadeirinhas próprias para alimentação. A criança precisa estar bem sentada para se alimentar, já que possui as vias aéreas anteriorizadas e pequenas, se forem alimentadas na posição semi-sentada terão mais chances de engasgar.
• Esteja atento quando crianças mais velhas (como os irmãos, amiguinhos) que podem oferecer objetos ou alimentos perigosos às crianças menores.
• Evite o uso de roupas que tenham partes que podem se soltar com o tempo, como botões, pedras, enfeites e pingentes.
• Evite o uso de acessórios pequenos que possam se soltar, como presilha de cabelo, pulseira e chupetas customizadas com pedras.
• Mantenha o piso livre de objetos pequenos como botões, colar de contas, bolas de gude, moedas, tachinhas. Tire esses e outros pequenos itens do alcance de crianças.
• Mantenha sacolas plásticas longe do alcance de bebês e crianças.
• Aprenda a utilizar um testador para determinar quais objetos pequenos oferecem risco de engasgamento para crianças de até quatro anos. Para isso, use uma embalagem plástica de filme fotográfico como referência, pois ela possui, aproximadamente, o mesmo diâmetro da garganta de uma criança (3 cm) e poderá alertar para o risco de forma bastante visual – se o objeto passar pela entrada da embalagem, provavelmente uma criança poderá engoli-lo acidentalmente e se engasgar.

Prevenção de sufocamento durante as mamadas:

• Até os 6 meses de vida o único alimento indicado para bebês é o leite materno.
• Não ficar balançando o bebê no colo após as mamadas.
• Aguardar alguns minutos para o bebê arrotar, isso poderá levar algum tempo, o arroto vai depender da quantidade de ar que o bebê engoliu durante a mamada.
• O bebê deverá estar na posição semi-elevado para a mamada e elas deverão ser fracionadas.
• Não vestir roupas apertadas no bebê principalmente durante as mamadas.
• Observar se a fralda está apertando a barriga do bebê.
• Se ocorrer o vômito aguardar pelo menos 30 minutos para oferecer novamente o leite ou o alimento.
• Sobre o intervalo entre a mamada e a colocação do bebê para dormir, seguir a orientação do pediatra que poderá variar de 20 a 40 minutos, neste período mantê-lo na posição ereta para que o leite se acomode no estômago e facilite a digestão.
Prevenção de sufocamento durante a alimentação de crianças:
• As mamadeiras deverão ser oferecidas quando a criança estiver na posição semi-elevada.
• Seguir sempre a orientação do pediatra e nutricionista a respeito de espessantes (produtos que engrossam o leite e outros líquidos indicados para crianças com doença do refluxo gastroesofágico), esses produtos não são recomendados para bebês prematuros nem para crianças com sobrepeso, além de demonstrarem poucos benefícios para crianças em aleitamento materno.
• Evitar a exposição da criança ao tabaco (o tabaco interfere nos mecanismos naturais antirrefluxo).
• A forma mais segura de alimentar crianças é na posição semi-elevada, isso favorece a redução do refluxo e minimiza o risco de engasgo. Para crianças que já sentam sem apoio e possuem equilíbrio suficiente para não tombar as refeições podem ser oferecidas em cadeirão de alimentação.

Segundo Academia Americana de Pediatra, alguns alimentos não devem ser oferecidos para crianças menores de 4 anos, pois são considerados de alto risco para sufocamento:

 Cachorros quentes
 Nozes e sementes
 Pedaços de carne ou queijo
 Uvas inteiras
 Doces duros ou pegajosos
 Pipoca
 Pedaços de amendoim
 Pedaços de vegetais crus
 Goma de mascar

Prevenção de sufocamento na utilização de brinquedos:

• Ao escolher os brinquedos para uma criança, considere sua idade, interesse e nível de habilidade. Siga as recomendações do fabricante e procure brinquedos com selo do Inmetro.
• Brinquedos para crianças maiores podem ser perigosos para as menores e devem ser guardados separadamente.
• Inspecione regularmente os brinquedos à procura de danos que podem resultar em algum acidente enquanto a criança os manuseia. Observe se alguma parte pequena pode se soltar, se existem pontas afiadas ou arestas. Caso encontre algum problema, conserte o brinquedo imediatamente ou mantenha-o fora do alcance da criança.
• Evite utilizar balões de látex (bexigas). Se realmente precisar utilizá-los, guarde-os fora do alcance das crianças e supervisione-as durante toda a brincadeira. Não permita que crianças encham balões e tenha muito cuidado com os pedaços de bexigas estouradas, pois podem ser acidentalmente ingeridos pelas crianças e ocasionar sérias consequências. Após o uso, esvazie as bexigas e descarte-as juntamente com eventuais pedaços.

Segundo Academia Americana de Pediatra, objetos e brinquedos abaixo são considerados perigosos e devem ser mantidos longe do alcance de bebês e crianças pequenas:

 Moedas
 Botões
 Brinquedos com peças pequenas
 Brinquedos que podem caber inteiramente na boca de uma criança
 Bolas pequenas
 Balões
 Arcos de cabelo pequenos, enfeites de cabelo e presilhas
 Tampas de caneta ou marcador
 Pequenas baterias tipo botão
 Ímãs do refrigerador
 Pedaços de comida para cães

REFERÊNCIAS:
SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria. Aspiração de corpo estranho. Departamento Científico SBP, 2014.
FERREIRA, TC; et ai. Doença do refluxo gastroesofágico: exageros, a evidência ea prática clínica. J Pediatr. 2014, 90 (2): 105-118.
SPSP – Sociedade de Pediatria de São Paulo. Ingestão, asfixia ou engasgo com corpo estranho. SPSP, 2012.

Carpenter, R. et ai. Bed partilha quando os pais não fumam: existe um risco de SIDS? Uma análise individual nível de cinco grandes estudos de caso-controle. BMJ Abrir de 2013.
AMERICAN HEART ASSOCIATION – AHA. Suporte Básico de Vida para Provedores de Saúde, Fundação Interamericana do Coração, 2010.
CRIANÇA SEGURA. Engasgo em crianças e adolescentes. ONG Criança Segura, 2016.

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